quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Outro gênio do rádio!


Conversei com mais um gênio do rádio em Minas: Reginaldo Gomes! Grande profissional!

1 - Primeiramente aquela pergunta básica: como você começou no rádio?
Comecei em 1978 em Barbacena, terra de grandes comunicadores, jornalistas e nosso ministro Hélio Costa; sempre fui ouvinte de rádios como mundial, tupi, globo e na minha cidade vivia participando, piolhando todos os principais programas de rádio;
Um amigo que era locutor e colega de escola me incentivou muito ao comentar sobre a minha voz quando respondia "presente” em sala, o que me fez procurar algo na área.
De Barbacena fui estudar comunicação em Juiz de Fora onde também trabalhei com várias feras do Rádio na Super B3, emissora do Diários Associados, onde atuei ao lado de Francisco Barbosa (atualmente Rádio Tupi do Rio) Mário Helênio, Helena Bittencourt, Paulo César Magela, Leopoldo Siqueira (hoje na TV Alterosa) e muitos outros.

2 - Quando se fala em Reginaldo Gomes, é impossível não se lembrar da época em que você era Coordenador Artístico da BH FM. Como foi essa experiência em coordenar uma rádio que ficou um bom tempo em primeiro lugar geral no IBOPE?
Quando a gente se torna coordenador artístico em empresas sérias é porque se tem no mínimo experiência em programação musical. Antes de trabalhar na BH FM fui programador musical também na Del Rey FM, ali foi mais um grande aprendizado com Zancar Duarte, o meu padrinho em BH que me descobriu em Juiz de fora.
Quando cheguei a BH FM já tinha feito programação musical, gravação comercial, noticiários, reportagens policiais e locução, coisa rara nos coordenadores artísticos, e isso é um diferencial, em você cobrar o que você conhece, o que você sabe como funciona e no mínimo você pode ajudar a sua equipe em coisas básicas como dicção, entonação, um “help no inglês" , como se fazer um testemunhal e não virar um papagaio de hora certa e frases prontas, como respeitar o seu ouvinte, como recebê-lo, atender as suas ligações, descobrir o que ele quer através de muita pesquisa, comparecer nos pequenos, médios, grandes eventos, ir aos bares, danceterias, festas de bairro, etc., para sentir na pele o que as pessoas gostam, querem, precisam...
É mais ou menos assim técnico que nunca jogou bola e coordenador que nunca ficou a um palmo do microfone... Complica...

3 - Você viveu um período no rádio em que a música era um grande diferencial. Hoje o acesso a qualquer tipo de música é muito fácil. Em sua opinião, qual a importância da música para o rádio de hoje?
A música sempre será um grande diferencial; ela será liquidificada dentro de uma programação com uma frase inspirada de um comunicador, enganchada com uma promoção, buscando aquela "pessoa" do outro lado, isso mesmo uma pessoa e não um número “15/24”, “C zona 6”, ou um "30 /39 ou +" , usemos o Easy Media (aliás, eu era bom nisso, devo ser ainda...[risos]) mas busquemos as pessoas, não podemos ficar assentados em números. Direção artística é muito mais que isso e as batalhas são feitas dentro e fora da emissora. Muitas vezes a gente faz grandes descobertas não decifrando e masturbando os números do Ibope, mas conversando com “pessoas” na rua, nos bares, nos shows, com os motoristas da rádio, ouvintes da concorrência... é por aí.

4 - Como explicar quase 14 anos absolutos de audiência da BH FM?
A fórmula é trabalho, coerência, perseverança... e muita liberdade pra pensar, fazer e deixar acontecer sem pressa mas com determinação, garra e tesão da equipe.
Uma coisa é indiscutível: pessoas certas nos lugares certos nas horas certas (risos).
Isso a gente soube fazer muito bem e minha velha equipe está de parabéns: Joenio, Willian, Bell, Zé Carlos, Mardone, Paulo Roberto, Edson Aquino, Everton Gontijo, Wagner Cocsis, Jordan Gomes, etc.
Era como um time afinadíssimo de futebol, eu só mexia quando o cara estava muito doente e raramente eu dava um cartão vermelho; a outra curiosidade é que eu não contratava locutoras. Não dava liga mesmo. Eu estava certo (risos) e Beth Maia a única que eu contrataria era concorrente minha na época (risos).
Adoro AM, comecei fazendo, ouço muito, já tive convite e a qualquer hora enfio a cara de novo. Sempre ouvi Globo AM. De repente divido com uma FM, ia ser ótimo.

4- Marcelo Braga da Rede MIX de Rádio disse que estamos vivendo a era dos “filtros pessoais”, sendo que, cada vez menos, as pessoas aceitam que o veiculo lhe imponha determinado conteúdo. Como encara essa nova realidade?
Claro respeito o pensamento do Marcelo. Mas é como estávamos falando, temos que trabalhar, fazendo descobertas a cada dia, agradar um ouvinte novo a cada hora.
Impor conteúdo é totalmente relativo? Vamos falar de programação musical o que incomoda mais? Tocar o mesmo todo dia ou inventar? Ousar? “delirar”...
Incrível como você pode conversar com qualquer pessoa de gravadora hoje e perguntar sobre a liberdade que se tinha alguns anos atrás; as rádios lançavam mais, muito mais... isso é um retrocesso do rádio. Só prá lembrar, eu lancei na BH FM o primeiro programa de axé fora da Bahia, chamava-se “O Som da Bahia”...
Lançamos na BH FM o programa "Chocolate”, era infantil que eu mesmo apresentava e era o programa com a maior pontuação da emissora, isso mesmo, a maior audiência, o maior numero de ouvintes da BH. São vários exemplos como o Forró que lançamos na FM Grande BH e que levou a rádio para as primeiras posições.
Resumindo filtros são para impurezas, certo?

5 - O que você acha das radiowebs?
Ainda bem que se tem muito que fazer nas webradios. Vou montar alguma coisa ano que vem, com uma programação muito específica e continuo procurando um parceiro$o forte pra outro projeto. Além de Marketing tenho formação em Educação a Distancia e quero fazer algo na área.

6 - Qual sua opinião do rádio paulista e do carioca?
Trabalhei em rádios de rede e de grandes grupos como: Band, Transamérica, Diários Associados e Sistema Globo de Rádio. Eu coordenava e locutava na BH FM e na Globo AM e ainda dava um força na Tiradentes de Monlevade, é mole?
A diferença é só o número de rádios e no salário (risos). Muda-se o tapete, mas os ácaros são os mesmos...

7 - E o rádio feito aqui em Minas?
A diferença é o salário e a acomodação. Briga-se menos hoje, contenta-se com muito pouco...Arrisca-se menos e erra-se mais. O "poder" de meia dúzia cala, amarra e cega todo o resto.

8 - Você tem um ídolo no rádio?
As equipes com quem trabalhei na Correio da Serra, Del Rey FM, Radio Sociedade, 98 FM, Radio Mineira, Radio Tiradentes, Radio Globo, Mineira do Sul, Band FM, Extra FM, Universal Studios Florida, Grande BH, Transamérica, BH FM.

9 - O que você tem ouvido ultimamente?
Muito samba rock (curto demais). No rádio ouço meu brother Gutemberg Gomes no Evidências da Liberdade FM, Guarani FM (vale muito a pena) Band News, Globo AM com Antonio Carlos e o Carlinhos (risos) e dou aquela sapiada profissional na Liberdade FM, BH FM, Transamérica e Itatiaia - Eduardo Costa to sempre ouvindo.

10 - Para fechar, o que diria sobre a profissão, para os mais novos na carreira?
Numa carreira onde tive como patrões: Emanuel Carneiro, Manoel Diamantino, Juracy Neves, João Veras, Marco Aurélio Jarjour Carneiro e outros só tenho que agradecer pelo aprendizado.
Arregacem as mangas bem cedo, corram prá dentro dos veículos, façam amizades, muitos contatos, pois a gente sabe que na faculdade a maioria dos mestres nunca meteu a “boca na latinha”, nunca perdeu a fala de tanta emoção numa entrevista, não sabe o que é uma ouvinte chorando na portaria da emissora louco pra conhecer o comunicador, não recebeu a ligação do ouvinte dizendo que você salvou a vida dele e você nem sabe o por que! Comece a ouvir muito rádio, compulsivamente e descubra o que você gosta, e porque você gosta. Que rádio você quer fazer? E melhor ainda faça suas economias, compre uma emissora e me contrate que eu tô a fim de voltar pro G4 (risos).
 
Reginaldo Gomes: 9984-4815

6 comentários:

  1. Jorge Lucas Nascimento26 de novembro de 2009 às 22:49

    Parabéns pela entrevista. O Reginaldo merece um grande destaque no radio mineiro. Ele lutou e fez muito. O seu blog ta interessante. Venho sempre aqui.

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  2. SALVE, MARQUINHO!!!
    PARABÉNS PELO BLOG E PELA ENTREVISTA.
    ÓTIMAS PERGUNTAS E RESPOSTAS, IDEM.
    REGINALDO GOMES, ALÉM DE MEU BROTHER, É MEU ÍDOLO MÁXIMO E INULTRAPASSÁVEL NO RÁDIO.
    MEU INCENTIVADOR, DESCOBRIDOR, MOTIVADOR.
    MEU ALFA E MEU ÔMEGA!!!
    PS. GOSTARIA QUE VOCÊ ME AUTORIZASSE A REPRODUZIR A MARAVILHOSA ENTREVISTA NO MEU BLOG: www.gutegomes.wordpress.com
    E JÁ VOU POSTAR AGORA UM LINK DIRECIONANDO PARA O SEU BLOG TAMBÉM. É UTILIDADE PÚBLICA PARA QUEM GOSTA DE RÁDIO, E QUER SABER SOBRE OS GRANDES DO RÁDIO.
    ABRAÇO
    PARABÉNS
    SUCESSO!!

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  3. Grande Gutemberg ! Fique a vontade prá reproduzir a entrevista ! Abração !

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  4. grande reginaldo gomes!!
    valeu por lembrar de nós naquela equipe da bh fm que era indiscutivemente muito boa!
    abraço ,velho!!
    e parabens pelo site!!
    o radio de bh precisa de espaçoa assim!
    EVERTON GONTIJO.

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  5. MAS O CARA FALAR: DE AMIGO PRA AMIGO, DIGA ALô COMIGO É FODA...ISSO É AM DOS ANOS 50.

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  6. E você deve ser um dos ´´moderninhos anônimos´´ que o rádio produz em série nos dias de hoje...

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