Para a minha pessoa seria redundante falar. Ficaria minutos, horas, dias, meses, na tentativa de dizer o que ele é e do que representou na minha carreira no rádio. Eugênio é desses que quando você encontra, tem vontade de parar o relógio e ficar ali horas escutando os seus casos, estórias, citações, etc.Cinco minutos com ele é pura aprendizagem. Mas "nem cinco minutos guardados" como dizem os Titãs jamais seriam suficientes.Em 10 perguntas, vamos saber mais sobre Eugênio Magno Martins de Oliveira, mais conhecido como Eugênio Magno.Nasceu em Montes Claros, Norte de Minas Gerais, em 15 de novembro de 1958. É Radialista, Ator, Diretor, Locutor de Propaganda e Consultor de Comunicação. Bacharel em Comunicação Social: Relações Públicas – Unicentro Newton Paiva, tem Pós-graduação em Educação: Pedagogia Empresarial – CEPEMG – UEMG, e em Fé e Política: Formação Política para Cristãos Leigos – CEFEP-DF/PUC-RJ e é também Mestre em Artes Visuais – Cinema – EBA - UFMG.
01) Clássica pergunta: onde tudo e como começou o rádio pra você?
O início foi em Montes Claros, na Rádio Educadora AM. Precisamente no dia 1º de maio de 1980. Fui para o rádio por influência do radialista e também ator e diretor teatral, Eduardo Brasil, que me dirigia em um espetáculo de teatro e que, gostando da minha voz, sugeriu que a carreira radiofônica poderia ser um caminho interessante para mim. A partir daquele momento passei a ter o rádio como uma possibilidade e, quando da movimentação para a instalação da Rádio Educadora AM, em Montes Claros, participei de alguns testes de seleção e fui acolhido por Eduardo Benes, o diretor e por Eduardo Lima, o consultor e responsável pelo “desenho” de produção e de toda a programação da emissora. Eduardo Lima foi uma referência das mais importantes para mim, não só pela sua voz e performance radiofônica, como também pelo seu engajamento com a cultura e as artes. Os Eduardos, Brasil e Lima, foram as influências mais diretas e próximas que tive. Mas fui influenciado também por Ferreira Martins, à época apresentador do Jornal do Meio Dia, da Rádio Bandeirantes, por Antônio Celso, da Rádio Excelsior de São Paulo, por Big Boy, Nelson Mota, toda a turma da Rádio Mundial (“Mundi-jovem”) e da Rádio Jornal do Brasil. E não posso me esquecer, é claro, da influência dos locutores da Rádio Sociedade Norte de Minas, a saudosa Z Y D - 7, carinhosamente chamada de “Furiosa”, como os já citados Eduardo Brasil e Eduardo Lima, Gelson Dias, Titio Bira, Alfeu Prates, Tadeu leite, Zé Alambique, Zé Vicente, Cid Mourão, Elias Siuf e Batista Caldeira, entre outros.
A Rádio Educadora foi uma grande escola para mim. Lá eu fiz de tudo. Apresentei programas musicais (matinais, vespertinos e noturnos), noticiosos e esportivos. Fui redator, noticiarista e apresentador de jornal. Trabalhei também como repórter, agente de propaganda e produtor de comerciais. Éramos todos jovens e fizemos uma verdadeira revolução no cenário da cultura e da comunicação em Montes Claros. Como os outros veículos de comunicação eram impressos, a TV estava apenas no começo e, era extremamente conservadora e a outra emissora de rádio era mais tradicionalista fomos ao encontro dos jovens e inovamos na linguagem, na programação, em tudo.
02) Você coordenou a RADIO CIDADE por um bom tempo e viveu a melhor fase da emissora em BH. Como foi trabalhar na RADIO CIDADE?
No dia 1º de maio de 1983, dia do trabalhador (esta data me acompanha, pois marcou o meu início no rádio), eu comecei na Rádio Cidade FM, emissora do Sistema Jornal do Brasil. Na época a Cidade era a emissora mais cobiçada pelos locutores de FM, não só em Belo Horizonte, mas nas várias capitais do Brasil onde ela existia. A rádio estava passando por uma renovação radical, capitaneada pelo competente Carlos Towsend, Gerente Geral da Rede Cidade e pelo seu coordenador de programação local, Paulo Leite. Paulo, depois de pouco tempo deixou o cargo que foi ocupado por Júlio César, um excelente profissional, e grande amigo que morreu tragicamente, em um acidente, depois das comemorações de uma das tradicionais gincanas promovidas pela Rádio Cidade. Foi para mim uma honra trabalhar ao lado de Paulo leite, Júlio César, Bete Maia, Jorge Márcio, Múcio Teixeira, João Bosco, Antônio Roberto (“Negativo”), Fernando Freitas, Elisa Verçosa, Geraldo Limírio, Paulinho Nazarito, Gagaça, Ana Miranda, Roberto Barros, Gustavo Gazinelli, e Maurício Martins, entre outros, sob a direção segura do jornalista Acílio Lara Resende, diretor da sucursal do JB em Minas. Na Cidade fui Locutor Apresentador-Animador. Realizei reportagens em eventos e entrevistas com diversos artistas. Participei de campanhas institucionais da rádio, criei e produzi peças publicitárias para anunciantes. Nossa equipe foi a responsável pela consagração da emissora com o 1º lugar de audiência no IBOPE, por 2 anos consecutivos. Em 1987, assumi a Coordenação de Programação da emissora, elevando-a da 4ª posição no ranking de audiência para a 2ª colocação na Grande BH. Neste período, além das atribuições inerentes ao cargo e da apresentação do programa “O Sucesso da Cidade”, organizei, campanhas institucionais, shows, gincanas, festas, lançamentos de filmes, discos, vídeos, etc... até o meu desligamento da empresa em 04 de julho de 1989. Você se lembra bem dessa época, pois também estava lá, dando os seus primeiros passos na profissão. Foi ótimo trabalhar na Rádio Cidade.
03) Diante do bom tempo que vc trabalhou em rádio, faça uma comparação do radio de ontem e de hoje.
O rádio, a cada dia oferece mais possibilidades técnico-operacionais e no campo da interatividade. O que falta é uma presença maior daqueles que o amam de verdade para, com profundo conhecimento de sua linguagem e incentivo (condições de trabalho e salariais) suficientes, pudessem ser convocados para fazer valer a sua reputação de veículo de comunicação de maior prestígio e penetração junto à audiência. Sem medo de errar eu arrisco dizer que o rádio evoluiu soberbamente do ponto de vista tecnológico. Todavia, involuiu em igual ou maior proporção em criatividade e qualidade profissional.
04) Na sua opinião, o que os ouvintes esperam ao decidir por uma rádio?
Fundamentalmente, inteligência. E, na sequência, boa música, bom papo, informação de qualidade e adequação com o seu nível sócio-cultural. Tudo isso transmitido por um sistema técnico de excelência.
05) Fiquei sabendo que você ganhou um prêmio. Que premio foi esse?
No rádio, ganhei dois prêmios: Melhor Radialista do Ano – 1981, em Montes claros e Melhor voz Masculina do FM – Prêmio Melhores da Moda, Beleza e Comunicação – 1983, em Belo Horizonte. E fui agraciado com o Diploma Teixeira Bastos – Centenário da Imprensa de Montes Claros – pelos relevantes serviços prestados à imprensa da cidade. Ganhei ainda prêmios literários e teatrais e recebi algumas outras homenagens. Mas eu nunca me liguei muito em premiação não.
06) Além do rádio você tem outra paixão , que é o cinema. De onde vem essa paixão?
Essa paixão vem da infância e da adolescência em Montes Claros e das inúmeras matinês nos cines: Ypiranga, Fátima e Montes Claros. A magia daquelas imagens gigantes, projetadas em uma sala escura, sempre exerceram um grande fascínio sobre mim.
07) Você acha que Trabalhar nos grandes centros ainda é o sonho de todo profissional de rádio?
Essa é uma pergunta difícil de responder. Penso que o que atraía os profissionais para os grandes centros eram os bons salários, a possibilidade de fazer fama e de aprender mais, convivendo com as grandes estrelas do rádio. Se essa continua sendo a lógica de se mudar para os grandes centros, não acredito que tenha sentido trocar a qualidade de vida do interior pelo grande centro não. Porque, com exceção, talvez, de São Paulo (ainda assim não faço uma afirmação veemente), nenhuma dessas coisas são mais encontradas nos grandes centros, na intensidade que compense tal mudança.
08) Voltando a RÁDIO CIDADE. Ela foi a que mais te marcou?
Considero importantes todas as emissoras em que trabalhei. Todas elas contribuíram para a minha formação. E em todas elas deixei minha contribuição e fiz amizades. Mas as que mais me marcaram foram a Rádio Educadora AM, de Montes Claros e a Rádio Cidade FM, de Belo Horizonte. A Cidade, além de ser uma das que mais me marcou, foi também, sem sombra de dúvidas, a que mais me projetou profissionalmente.
09) Atualmente você grava áudios para a TV GLOBO . Mesmo gravando pra TV , bate uma saudade do rádio?
Ah! Sim. O rádio foi minha primeira paixão, meu primeiro amor. E do primeiro amor a gente nunca se esquece, não é mesmo? Apesar de ter uma jornada diária muita apertada, se me aparecer uma proposta interessante para apresentar um programa radiofônico eu não pensarei duas vezes e abrirei mais um espaço em minha agenda.
10) O que você ouve e assiste atualmente?
Eu ouço de tudo um pouco: dos meus antigos vinis dos Beatles, Pink Floyd, Supertramp, Tom Jobim, Chico, Beto Guedes, Alceu Valença e os cd’s de Nando Reis e Marisa Monte, entre outros das novas gerações, a sons mais instrumentais e jazzísticos. Com uma predileção maior pela música do século passado (rsrsrs...). Já no cinema, além dos clássicos de todas as nacionalidades, não deixo de assistir aos filmes do Wim Wenders e do Clint Eastwood. Na medida do possível, acompanho os lançamentos nacionais e internacionais que julgo importantes, vejo alguns filmes independentes, e muitos documentários, gênero pelo qual tenho grande interesse e que dediquei, inclusive, uma dissertação de mestrado.